Carta do Superior Geral Dia da Memória Dehoniana
Aos membros da Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus
“Um sinal perene, mas hoje particularmente eloquente, da verdade do amor cristão, é a memória dos mártires. Não seja esquecido o seu testemunho”(João Paulo II, Inc. Misterium, 13).
Caros confrades,Dois acontecimentos especiais levam-nos a pensar naqueles que entre nós, no passado, testemunharam Jesus Cristo de forma exemplar: a aprovação do processo de beatificação do nosso Fundador e os 40 anos do martírio dos nossos missionários no Congo. São 28 religiosos que, em 1964, durante a revolução dos Simba, deram a vida por amor da evangelização. As mortes aconteceram no mês de Novembro: do dia 3 ao dia 27. No dia 26, foi morto o bispo de Wamba, mons. Joseph Albert Wittebols scj, juntamente com outros 6 missionários. “A Igreja sempre acreditou que os apóstolos e os mártires de Cristo que, pela efusão do seu sangue deram o supremo testemunho da fé e da caridade, estão conosco estreitamente unidos em Cristo, e venerou-os sempre com particular afeto…” (LG 50). Com o mesmo afeto queremos honrar os nossos irmãos dehonianos que deram a vida para servir a causa do Evangelho e estamos gratos a Deus por eles.Já no ano de 2000, a 18 de Dezembro, o Superior Geral, P. Virginio Bressanelli, ao anunciar à Congregação a aprovação do Decreto do martírio do Beato Juan Maria de la Cruz, publicava uma lista de outros mártires e convidava-nos a "recuperar a memória histórica das figuras significativas de irmãs e irmãos que podem ser modelos para vivermos com maior intensidade a vocação e a missão que temos na Igreja e no mundo de hoje". No mesmo ano, o P. Bernd Bothe, da Província Alemã (GE), publicava um opúsculo sobre cinco mártires dehonianos mortos durante a II Guerra Mundial (um alemão, dois luxemburgueses, um belga e um italiano) e fazia, também, referência a 11 holandeses mortos nos campos de concentração na Indonésia e no Congo; apresentava, ainda, uma breve biografia da beata Anuarite Nangapeta, religiosa congolesa da Sagrada Família, discípula dos bispos dehonianos mons. Camillo Verfaille e Mons. Wittebols.Além deles, devemos recordar três missionários franceses mortos nos Camarões em 1959 e um missionário holandês, da Província do Brasil Setentrional (BS), que se tinha dedicado aos pescadores do Nordeste brasileiro, morto em 1975. Todos eles "lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro" (Ap. 7,14) e realizaram o ideal do Fundador, que queria ser missionário e mártir. Com uma morte prematura, identificaram-se com Aquele que nos amou e deu a sua vida por nós (cf. Gal 2,20). A sua morte é consequência de uma opção de vida feita anteriormente e assumida com perseverança até ao fim. Eles inspiram-nos e fortificam-nos na nossa vocação e missão. Recordam-nos que o martírio poderá ser uma possibilidade de testemunho supremo para cada um de nós no horizonte da nossa vida, como consequência da fidelidade quotidiana ao Evangelho, assumida ao professar o seguimento de um carisma marcado pela oblação reparadora de Cristo. Durante o XXI° Capítulo Geral, por iniciativa da Província Alemã, foi aprovada a Recomendação n. 8: "O Capítulo Geral recomenda ao Governo Geral que promova o conhecimento, a divulgação e a celebração dos mártires dehonianos e das figuras significativas da nossa história". O Governo Geral assume esta recomendação com um profundo sentido de agradecimento a Deus por todos os missionários e religiosos dehonianos que foram e são fiéis ao carisma e convida todos a honrar de modo particular os nossos mártires. Por isso, na sessão do Conselho Geral de 11 de Maio, instituiu o DIA DA MEMÓRIA DEHONIANA, que passará a ser celebrado todos os anos no dia 26 de Novembro, dia da morte de Mons. Wittebols scj. A morte de Mons. Wittebols, com parte do seu presbitério, fala-nos de um testemunho na Igreja e com a Igreja, uma Igreja mártir e missionária. Por isso, cada missionário que deixa a sua pátria e a sua cultura para partilhar a sua vida com um povo de uma outra cultura, servindo-o pelo anúncio do Evangelho, acredita com a Igreja que conhecer e seguir Jesus Cristo é um bem para cada pessoa, povo e cultura. Este bem merece o dom da vida. A sua morte reassume a missão que a Congregação realizou no Congo graças a muitos dos seus filhos, fazendo germinar as sementes do Verbo" (AG), em terras nas quais a Igreja não tinha ainda chegado, sementes que se tornaram árvores frondosas, como a Arquidiocese de Kisangani, a Diocese de Wamba e outras. A sua morte é, igualmente, um momento alto da missão que a Congregação leva a cabo na Igreja, em muitos países e através de muitas formas de apostolado. Que esta data seja oportunamente preparada e celebrada em todas as comunidades, sobretudo nas comunidades de formação, assim como com os leigos que colaboram nas nossas atividades pastorais, educativas e missionárias. Que a celebração deste dia se torne uma ocasião para conhecer e recordar aquelas pessoas que marcaram a história da Província/Região/Distrito e Congregação, ou uma determinada obra ou sector da nossa missão. Contando com a intercessão do Pe. Dehon, do Beato João Maria da Cruz e de todos aqueles que nos precederam no caminho para o Pai, Fraternalmente no Coração de Cristo,Pe. José Ornelas Carvalho scjSuperior Geral e seu Conselho